O Início...
O ano era 1988. Eu trabalhava como contínuo na Itaú Seguros, nos prédios do Jabaquara. Era fim de ano e, por aqueles dias, iríamos comemorar as festas clássicas com o famoso "amigo oculto".
Eu já estava começando a minha coleção de discos de vinil, a maioria de Rock'n Roll. Eu os comprava com parte do meu salário baixo na icônica loja Baratos Afins na Galeria do Rock. Era um passeio. O salário saía num dia e no sábado seguinte, eu, meus amigos de escola e dois de meus primos, íamos escolher entre clássicos dos Beatles, Doors, Led Zeppelin, Pink Floyd, etc... sempre saíamos com boas escolhas. Para aquela festa de "amigo oculto" eu havia pedido para o meu tal "amigo" um clássico do Led Zeppelin, o disco III. Estava animado com a aquisição , pois com a chegada do III, eu completaria a discografia do Zeppelin antes ainda de fazer 15 anos.
Porém, não foi nada disso que aconteceu! Meu amigo secreto era um migrante de São Luís do Maranhão, chamado Emanuel Naum (nunca o achei nas Redes Sociais) e ao me dar um disco embalado para presente, ele começou, no discurso típico desta cerimônia, a mudar o rumo da conversa. Quando abri o pacote, nada de Led Zeppelin. Havia um disco de capa preta cheia de bandeiras africanas e um nome em negrito: Survival! Acima do título do disco, o nome do artista, o até então desconhecido para mim, Bob Marley & The Wailers.
A única coisa que Naum me disse quando viu minha cara de decepção foi, e em alto e bom som: ouça todas as faixas ao menos duas vezes, do lado A e do lado B, se você não gostar, eu mesmo troco para você.
Cheguei triste em casa e bastante decepcionado, todavia, sabia que Emanuel Naum era um cara bacana e não ia me fazer de idiota. Pus o disco, ouvi duas vezes... três vezes, quatro vezes. Enfim, estamos em 2020 e eu nunca mais deixei de ouvir as pedradas egressas da Jamaica. Virei fã de Bob Marley e de Marley, parti para outros artistas ícones. A loja Baratos Afins era muito grande e, além de Rock, trabalhava com muitos outros estilos musicais, Até 1990/1991, todo acervo de Reggae que havia na Baratos eu já havia comprado. Neste mesmo ano, na Rádio onde eu ouvia meus Rocks de todos os dias, às 17:00 hs, diariamente, roubou o lugar das pauleiras, dois locutores muito engraçados e sábios. Eles estavam ali para apresentar o clássico e inesquecível Reggae Raiz. Falo de Jai Mahal & China Kane. Não sei exatamente até quando o programa durou, sei que até, mais ou menos 1994, eles estavam lá - e eu também.
Hoje tenho uma coleção de discos invejáveis, com mais de 1000 ou 1200 títulos. Destes, graças a Naum, Mahal e Kane, para não citar a finada Sônia Abreu (e o eterno quarto mundo), só de Reggae tenho 400.
É uma marca de dar inveja, Hoje com os streammings, são mais de 5000 músicas... quase 1000 são bons e eternos Reggaes.
Não há fronteira para boa música. O fato de eu não ter completado a coleção do Led Zeppelin, me manteve fã de Led Zeppelin e mais, me mergulhou no mundo de Jah!
Jah Rastafari I - Helé Selassié - The First...
por
Rodrigo Augusto Fiedler
(Rodrigão da Penha, o Professor)
