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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Beethoven

Ode to Joy
Quando a música sequer precisa ser ouvida - Ludwig Von Beethoven - um gênio que não ouvia nem suas próprias músicas"
Beethoven nasceu num período interessante para a Alemanha, no fim de 1770, mais precisamente, dia 17 de dezembro!

O fim do século XVIII trazia em si a queda de duas escolas artístico-literárias e músicas: o Classicismo e o Arcadismo. Nascia, porém, o Romantismo - de Schiller, Goethe, etc...
Beethoven nasceu na cidade de Bonn, primeira capital da Alemanha Ocidental, mas sua infância e batizado fora no Reinado de Köln (ou Colônia) anos mais tarde, tendo sido anexado pela República de Weimar, ou seja, a Alemanha.

Segundo mais velho de sete irmãos, por questões ligadas ao excesso de violência alcoolista do pai e abandono da mãe, acrescido à morte da primogênita em 1869, Ludwig precisou cuidar dos irmãos como se deles fosse tutor ou pai.

Pianista e multinstrumentista prodígio, antes dos 10 anos já mostrava seus dotes de músico autodidata. Beethoven nos surpreende pela sua independência: "O resumo de sua obra é a liberdade", observou o crítico alemão Paul Bekker (1882-1937), "a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida".

Mesmo assim, Beethoven, ainda moço se torna um nacionalista (faceta do Romantismo) e, diferente de outros compositores (Mozart e Bach, por exemplo) jamais se associou a cortes ou religiões. Como fora dito, Beethoven era um homem excêntrico, de hábitos demasiadamente simples, dado às bebedeiras e prostituição - tanto que nunca constituiu uma família, embora tenha vivido muitos amores impossíveis.


Na infância e juventude, Ludwig sofrera demais de maus tratos, apanhou muito na região da cabeça o que pode, certamente, ter trazido problemas otorrinológicos ao compositor.
Por muito tempo Beethoven negou a própria surdez, motivo de vergonha. Mas, num dia, no alto de seus trinta e poucos anos, Ludwig, dando aulas de piano para uma duquesa austríaca, percebeu que já não ouvia nem sequer sua própria música.

Beethoven tinha em sua mente as frases melódicas de "Sonata ao Luar" e a reescreveu na partitura usando de um dos artifícios mais emocionantes de sua história: Beethoven fechou a calda do piano, encostou a testa na base de madeira e compôs a suíte apenas com o vibrato da madeira, correspondente à casa nota tocada.

Um episódio interessante e que cabe bem nessa biografia foi que Beethoven nos deixou 9 sinfonias inteiras para concerto em orquestras completas (cordas, sopros, metais, piano e percussão)
Uma delas, a Heróica, retratava, por meio da música a fantasiosa vitória dos arianos contra o exército napoleônico, mas isso não aconteceu. O exército francês derrotou a Alemanha e seguiu para o Norte, em busca dos fronts de batalha russos.

Napoleão perdeu esta batalha e com ela a guerra, foi exilado, e a Rússia, pela primeira vez se sagra como grande nação bélica.

Tchaikovsky, compositor da corte dos czares compõe uma sinfonia provocativa para Beethoven e o Estado Alemão: batizou-a de A Patética.

Outro fator interessante foi o processo de construção da nona sinfonia. Ela fora composta com Beethoven 100% surdo e, com isso, ele se deteve na construção por meio de percussões. Seu sobrinho, músico limitado, precisou "se virar" para reescrever aqueles toques e batidas na madeira para a pauta de composição e partitura. Schubert, grande amigo do músico e "spala" (primeiro violinista) da orquestra de Viena corrigiu as pautas e fez da partitura algo legível.
Como a nona sinfonia tinha a "amizade" como base de sua ideia, o poeta Schiller, redigiu a letra dos corais de Ode to Joy, um dos "andantes" mais brilhantes da peça. O poema "An die Freude" era uma elegia à amizade.
Beethoven envelhecido, mesmo aos 56 anos, não conseguiu reger a primeira exibição da "Nona"...
Totalmente surdo e enlouquecido, desviou-se da partitura e causou um mal estar enorme com os membros da orquestra. Nisso, Schubert larga o violino, dirige-se ao púlpito, encaminha Ludwig ao médico e rege a maior sinfonia de todos os tempos. A tristeza de ver seu chefe e inspirador naquele estado faz com que ele, Schubert, não termine sua sinfonia mais bela: a oitava, que recebeu o "apelido popular" de A Inacabada...

Beethoven teve um amor às escondidas com sua cunhada, a quem chamava de Minha Amada Imortal...
Vejam a carta que Beethoven, ultra-romântico deixou para a posteridade...

Segue trecho da carta! 🙁
"Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser – Hoje apenas algumas palavras à caneta (à tua caneta). Só amanhã os meus alugueres estarão definidos – que desperdício de tempo... Por que sinto essa tristeza profunda se é a necessidade quem manda? Pode o teu amor resistir a todo sacrifício embora não exijamos tudo um do outro? Podes tu mudar o fato de que és completamente minha e eu completamente teu? Oh Deus! Olha para as belezas da natureza e conforta o teu coração. O amor exige tudo, assim sou como tu, e tu és comigo. Mas esqueces-te tão facilmente que eu vivo por ti e por mim. Se estivéssemos completamente unidos, tu sentirias essa dor assim como eu a sinto. [...] Nós provavelmente devemos nos ver em breve, entretanto, hoje eu não posso dividir contigo os pensamentos que tive nos últimos dias sobre minha própria vida – Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum... O meu coração está cheio de coisas que eu gostaria de te dizer – ah – há momentos em que sinto que esse discurso é tão vazio – Alegra-te – Lembra-te da minha verdade, o meu único tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem-nos mandar paz... Teu fiel Ludwig"


por


Rodrigo Augusto Fiedler
(Rodrigão da Penha, o Professor)

Bach

 "Johann Sebastian Bach – das igrejas e monastérios para o cume mais alto da história da música”

Nascido no que poderia hoje ser reconhecido como uma província da Alemanha - Eisenach (Império Sacro Romano-Germânico), aos 21 de março de 1685, certamente, o mundo não poderia imaginar que um homem – simples homem, pudesse chegar tão perto de Deus. E Bach fez isso com sua música. Johann desde jovem apresentou vasta e demasiada facilidade para lidar com diversos instrumentos musicais. Ícone do Barroco, quando falamos destes instrumentos, muitos deles, no mundo de hoje, sequer existem mais. Bach era autodidata em órgão, órgão de tubos, órgão de 5 oitavas, cravo, craviola e violino e, ao passo com que suas relações com a música foram se intensificando, tornou-se um excepcional regente, em alemão – kapellmeister – ou líder musical de um capelanato, igreja ou afins.


Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se um músico completo. Estudante (incansável) adquiriu um vasto conhecimento da música europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs (na maioria luteranas), mas suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante de sua carreira. Absorvendo inicialmente o grande repertório de música contrapontística germânica como base principal de seu estilo, recebeu mais tarde a influência italiana e francesa, através das quais sua obra se enriqueceu e transformou, realizando uma síntese original de uma multiplicidade de tendências. Praticou quase todos os gêneros musicais conhecidos em seu tempo, com a notável exceção da ópera, embora suas cantatas maduras revelem bastante influência desta que foi uma das formas mais populares do período Barroco ao lado de figuras como Pachebell e Haydn.
Como no Barroco tudo era exageradamente forte e contundente – e digo isso como professor de Literatura – pode-se observar certa saliência no trabalho do músico alemão. Tudo era grande, grandioso e, em muitos casos, transcendental.

A Europa, ainda no final do século XVII vivia um clima onde a tônica girava em torno da Reforma Protestante e a Contrarreforma. Bach, luterano, típico germânico médio daquela época, conseguiu um feito muito raro: sua música uniu aspirantes às duas crenças. Sim... Os aspectos religiosos da obra bachiana estavam muito além dos rótulos religiosos, aliás, a música de Bach pôs fim a muitos conflitos e uniu muitas pessoas – de simples servos a nobres, do clero católico romano aos luteranos e calvinistas. A linguagem era uma só: enaltecer as coisas e maravilhas de Deus para com o Homem e isso foi visto, no campo da música, pela primeira vez com Bach. Eu arriscaria dizer que nesta seara, Johann Sebastian Bach foi o primeiro artista com flertes ecumênicos e humanistas.


Voltando à abordagem musical e fugindo um pouco do viés ideológico, pode-se dizer com facilidade que sua habilidade ao órgão e ao cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e se tornou lendária, sendo considerado o MAIOR VIRTUOSO de sua geração e um especialista na construção de órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor e violinista, mas como compositor seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi exatamente popular, ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como grande. A maior parte de sua música caiu no esquecimento após sua morte, mas sua recuperação iniciou no século XIX, através do compositor Felix Mendelssohn (1809-1847) e desde então seu prestígio não cessou de crescer. Na apreciação contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca e muitos o veem como o maior compositor de todos os tempos, ganhando também o título de "Pai da Música", elogiado e estudado por grandes compositores como Mozart e Beethoven, deixando muitas obras que constituem a consumação de seu gênero. Entre suas peças mais conhecidas e importantes estão:

Concertos de Brandenburgo
O Cravo bem temperado
Sonatas e partitas para Violino Leve
Missa em Si Menor
A lendária Paixão segundo São Matheus
Oferenda Musical
A Arte da Fuga e muitas outras de suas de suas cantatas.

A suíte para piano ou cravo e violino “Jesus Alegria dos Homens” é a mais popular de suas obras. Cabe citar que a fatídica “Ave Maria de Gounoud”, na verdade, recebeu do bom compositor francês apenas a letra do coral, pois a melodia – e poucos sabem – também é de “Bach”. Johann falece em Leipzig, onde viveu por toda vida em meados de 1750.


por


Rodrigo Augusto Fiedler
(Rodrigão da Penha, o Professor)

Albert Schweitzer

De Bach ao Prêmio Nobel da Paz

"Albert Schweitzer, o grande organista, discípulo bachiano e maior intérprete do compositor que se tem conhecimento na História”
Prêmio Nobel da Paz em 1952, além de ser o maior intérprete de Bach que o mundo já viu, Schweitzer era um homem especial...

Formou-se em teologia e filosofia na Universidade de Estrasburgo, onde, em 1901, o nomearam docente. Tornou-se também um dos melhores intérpretes de Bach e uma autoridade na construção de órgãos.

Aos trinta anos, gozava de uma posição invejável: trabalhava numa das mais notáveis universidades europeias; tinha uma grande reputação como músico e prestígio como pastor de sua Igreja. Porém, isto não era suficiente para uma alma sempre pronta ao serviço. Dirigiu sua atenção para os africanos das colônias francesas que, numa total orfandade de cuidados e assistência médica, debatiam-se na dura vida da selva.


Em 1905 iniciou o curso de medicina, e seis anos mais tarde, já formado, casou-se e decidiu partir para Lambaréné, no Gabão, onde uma missão necessitava de médicos. Ao deparar-se com a falta de recursos iniciais, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu seus pacientes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não entendia, a carência de remédios e instrumental insuficiente. Tratava de mais de 40 doentes por dia e paralelamente ao serviço médico, ensinava o Evangelho com uma linguagem apropriada, dando exemplos tirados da natureza sobre a necessidade de agirem em beneficio do próximo.

Com o início da Primeira Grande Guerra os Schweitzers foram levados para a França, como prisioneiros de guerra. Passaram praticamente todo o período da guerra confinados num campo de concentração. Nesse período, Albert escreve sobre a decadência das civilizações.
Com o final da guerra, retoma seus trabalhos e, ante a visão de um mundo desmoronado, declara: “Começaremos novamente. Devemos dirigir nosso olhar para a humanidade”.

Realiza uma série de conferências, com o único intuito de colher fundos para reconstruir sua obra na África. Torna-se muito conhecido em todos os círculos intelectuais do continente, porém, a fama não o afasta dos seus projetos e sonhos.


Após sete anos de permanência na Europa, parte novamente para Lambarené. Dessa vez acompanhado de médicos e enfermeiras dispostos a ajudá-lo. O hospital é erguido numa área mais propícia, e com o auxílio de uma equipe de profissionais, Schweitzer pôde dedicar algumas horas de seu dia a escrever livros, cuja renda contribuía para manter os pavilhões hospitalares.
Foi laureado em 1952 com o Prêmio Nobel da Paz, como humilde homenagem a um “grande homem”.

Morreu em 4 de setembro de 1965, em Lambaréné, no Gabão. Seu coração encontra-se sepultado no Albert Schweitzer Hospital, na África.

Enfim...
A obra espiritual, transcendental e amplamente ecumênica de Bach não sucumbiu ao tempo e às suas modernidades nas quais os temas ligados a Deus ou religiões entraram tão em baixa.
Bach estava vivo no trabalho voluntário, nos esforços humanistas e principalmente no Órgão de 5 oitavas de Shweitzer...


Por


(Rodrigão da Penha, o Professor)

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

ANTÔNIO VIVALDI

 As quatro estações

Antonio Lucio Vivaldi nasceu em Veneza aos 4 de março de 1678 e veio a falecer na mesma Veneza aos 28 de julho de 1741. Antonio Vivaldi foi um compositor e multinstrumentista barroco tardio egresso da República de Veneza, atual Itália. Tinha a alcunha, o vulgo de "O Padre Ruivo" por ser um sacerdote católico de cabelos avermelhados. Sua obra é vastíssima e não se resume em nada, naquilo que ficou popularizado para a eternidade. São 770 obras, entre as quais 477 concertos para diversos instrumentos e, inclusive, 46 óperas. Vivaldi deixou sua marca no mundo da Música por ter escrito e composto 4 grandes concertos para Violinos, Cordas e Orquestra denominados e conhecidos pelo público como, em italiano, Le Quattro Stagioni - ou seja: As Quatro Estações.
Filho mais velho de 7 irmãos, era filho de um barbeiro que, por sua vez, também era violinista (considerado em Veneza como um "virtuose") e foi ainda seu pai, Giovanni Vivaldi que o iniciou na música ainda em tenra idade.
No fim da Idade Média, início da Idade Moderna e tempos de Escolástica, era praxe que o filho homem primogênito fosse servir às Ordenanças Religiosas e, desta forma, ingressasse num convento a fim de cursar os Seminários Maior e Menor, com isso, ordenando-se Padre. Isso aconteceu com Vivaldi em 1703. Um ano depois, foi-lhe dada a dispensa da celebração da Santa Eucaristia, uma vez que o jovem Antonio atravessava, frequentemente, por delicados problemas de saúde. Foi nessa época e por este motivo que o Pe. Antonio Vivaldi passou a lecionar violino num orfanato de moças, o Ospedale de Pietá, também em Veneza. Foi no Orfanato, ensinando Música para as meninas que sua obra deslanchou. Foi para elas que Vivaldi compôs a grande maioria de suas cantatas, sonatas, orquestras e músicas sagradas.




Há uma informação importante, cujas fontes não comprovam plenamente que Vivaldi teria sido, na verdade, excomungado da Igreja Católica por abandonar uma Missa em andamento eucarístico e, então daí, ele teria optado por viver de Música. Mas é possível que esta informação seja mera especulação.
Em 1705 sai sua primeira grande coletânea, em 1708 a segunda, mas a fama internacional só viria mesmo em 1711, em Amsterdam. Dessa obra produzida e divulgada na Holanda, cabe dizer que Johannes Sebastian Bach, um dos maiores de todos os tempos, teria transcrito parte da obra de Vivaldi para Órgão de Tubo e outros instrumentos.
E assim seguiu a carreira de Vivaldi. Boas apresentações por toda Europa, endosso de compositores de alto nível, aulas...
Em 1723, Vivaldi publicou sua obra-prima: o Opus nro. 8, Il cimento dell'armonia e dell'inventione, coletânea de árias complexas que inclui "As Quatro Estações" e que consistia em muito mais que isso - eram doze concertos para Violino e Orquestra.
Antonio Vivaldo, gênio Barroco transcrito até por Bach...
Inigualável...

Por
Rodrigo Augusto Fiedler
(Rodrigão da Penha, o Professor)